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O Discípulo Ideal



“Poucos são os que têm a boa fortuna de ouvir sobre a alma. Dentre os poucos que ouvem sobre ela, a maioria não consegue entender porque é difícil encontrar um guru que seja um visionário genuíno da Verdade. Um guru qualificado e fidedigno é muito raro. Somente aqueles que seguirem seus ensinamentos poderão compreender a Verdade e tornarem-se especialistas na ciência da devoção, bhakti-yoga. Um discípulo ideal é igualmente raro.” (Katha Upanishad 1.2.7)


Qual é o dever de um discípulo ideal? Ele não deve simplesmente dizer que tem um guru. Ele deve utilizar seu corpo, mente e palavras, e servir com total rendição e dedicação a missão de seu guru. O verdadeiro discípulo sempre aspira agradar seu guru e a seguir suas instruções. O discípulo que se dedica a servir seu guru deve pensar que ele é seu protetor. Então, o guru generosamente aceita o discípulo e ensina-lhe o processo da devoção amorosa a Deus. Se não houver fé no guru, não haverá progresso no caminho de bhakti-yoga.


Você deve, portanto, estar sempre convicto da eficácia deste processo. Tenha fé firme no guru. Não cultive a ideia de que ele seja uma pessoa comum e que, por ele estar usando um corpo humano como o seu, vá deixar de ser uma alma liberada. Devemos compreender que o guru é um associado eterno de Krishna e possui todas as qualidades transcendentais. Ele vem até este mundo com o único objetivo de nos ajudar a alcançar a perfeição espiritual, mas se comporta como se precisasse do serviço de seus discípulos somente para concerder-lhes uma chance de purificação através deste serviço. Pensar que o guru depende de nossos serviços é uma ofensa. Na verdade, ele assim o permite para a nossa própria purificação e avanço espiritual.


No famoso verso do Bhagavad-gita 4.34, Krishna explica que um discípulo sincero deve “tentar aprender sobre a Verdade, aproximando-se do mestre espiritual com reverência, fazendo-lhe perguntas com humildade e prestar-lhe serviços”. Sem adotarmos uma atitude humilde e submissa, jamais poderemos atrair a afeição e a misericórdia do mestre.


Aquele discípulo que acha que o guru existe para sua auto satisfação, que procura desfrutar de sua presença ou dos bens do guru, como templos, mordomias, riqueza, comida, fama etc, não passa de um desfrutador oportunista e jamais terá acesso ao verdadeiro tesouro de seu mestre: sua admiração e afeto.


Existem três tipos de discípulos que, ao receberem uma ordem do guru, reagem das seguintes maneiras: O primeiro mal ouve a ordem do guru e já delibera se esta é inviável ou não, mesmo antes de tentar cumprí-la. O segundo ouve e corre para executá-la, mas caso encontre algum obstáculo e não consiga êxito de imediato, desiste e volta de mãos vazias, sem continuar tentando. Já o terceiro ouve, corre para executá-la e só volta depois de cumprí-la com êxito, pois tem fé firme de que seu guru o ajudará a ter êxito. Dentre estes três tipos, o primeiro é totalmente reprovável, o segundo é aceitável, mas o terceiro é louvável.


O discípulo ideal jamais espera algo de seu guru. Ele tem a consciência de que aceitar um guru significa serví-lo e não ser servido por ele. Ele procura agir de maneira sempre favorável aos demais discípulos, sem nenhum espírito de competição ou inveja. Ele sabe que o amor do guru é incondicional e não depende de qualquer demonstração externa de afeto. O discípulo ideal aceita qualquer punição ou repreensão vindas de seu guru, pois sabe que isso proporciona uma grande purificação.


O discípulo ideal deve ser especialmente sincero. Sinceridade significa que, apesar de possuir inúmeros defeitos e má índole, ele jamais tentará utilizar-se desses defeitos para obter qualquer vantagem sobre seu guru, tentando logo em seguida justificar seus atos falhos como força do hábito. Sinceridade também significa rejeitar a religiosidade mundana, o desenvolvimento econômico, o desfrute dos sentidos e a liberação impessoal, e aceitar a meta transcendental do amor exclusivo ao Senhor Supremo.


O discípulo ideal será, sem sombra de dúvidas, um recipiente da misericórdia e afeto de seu guru, podendo também tornar-se, no futuro, um guru ideal. Ele faz de seu guru sua vida e alma.

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